segunda-feira, 3 de agosto de 2015

São Gonçalo de tupinambá até o homem branco

Aqui é meu lugar,
nessa terra de nome santo,
onde o negro é raiz
no espirito e no canto.

Mesmo no choro,
estamos perto do sorriso,
Dizem que o céu é aqui,
do alcântara ao paraíso.

No rap, no samba,
na cor e na cultura.
Aqui a terra tem nome santo,
mas a vida ainda é dura.

Aqui político vem,
promete, brinca, faz graça.
Se não pinta tudo de azul,
transforma tudo em praça.

A criança tem cafifa,
mas não tem onde estudar,
ontem era um sonhador,
hoje está em greve de sonhar.

O transporte público serve,
aos senhores do setor privado.
E a estrela e o galo seguem
sempre completamente lotado.

O porto ainda era novo,
mas já vai ser um senhor,
vai se chamar porto velho,
quando chegar nosso metrô.

Mas já fomos patinho feio,
hoje mudamos a nossa história,
e vamos mudar ainda mais,
e aqui o povo, vai ser a glória!

Lucas D.



domingo, 2 de agosto de 2015

Na briga dos transportes onde estão os direitos do povo? Uma falsa polêmica onde prefeito e vereadores jogam no time dos empresários.

A briga pelo monopólio do ramo dos transportes se acirrou na cidade. De um lado, os poderosos do consórcio São Gonçalo (formado pelas autoviações Icaraí, Galo Branco e Estrela) que pressionam para serem os únicos a realizar transporte público municipal e intermunicipal; de outro os motoristas de van, tentando buscar seu espaço no transporte público.
Há pouco tempo o decreto do prefeito para as vans circularem na cidade foi cassado pelo Tribunal de Justiça do Estado devido a liminar que os empresários de ônibus puseram. O que fez com que do dia para noite 400 pessoas que trabalhavam no ramo de transporte das vans ficassem desempregadas e as opções de transporte público diminuíssem na cidade. O que além de prejudicar diretamente esses trabalhadores, prejudicou toda a população, tendo a oferta de transporte público diminuída.
É preciso lembrar, nesse sentido, que nossa cidade contém mais de 1 milhão de habitantes, entre eles jovens e trabalhadores que se deslocam diariamente entre outras três cidades (Itaboraí, Niterói e Rio capital), além da própria SG. O que nos leva a refletir que nossa real necessidade está em transportes de massas – infelizmente presentes só nas falsas promessas de campanhas eleitorais, como a linha 3 do metrô e das barcas.
Todos os dias a história se repete, ônibus lotados em péssimas condições com tarifas absurdas. A lorota do prefeito da passagem por 1,50 foi derrubada na justiça em uma jogada já ensaiada entre os poderosos. Ainda que proposta de legalização das vans passasse continuaríamos nas mesmas condições, reféns das tarifas altas e dos engarrafamentos que nos prendem cada vez mais, nos levando a altos níveis de estresse prejudiciais à saúde, inclusive. Nos faltam reais transportes de massa como barcas e metrô.
Enquanto isso, empresários de ônibus brasileiros tem contas com milhões descobertas na Suíça e aqui em São Gonçalo, Neilton Mulim faz um jogo de cartas marcadas com sua base na câmara para não se queimar. Em vez de enviar um decreto que vá ao encontro dos trabalhadores das vans, prefere fazer o falso papel de bom moço, propondo um projeto cuja a votação já está acertada nos bastidores, mantendo o compromisso com o interesse dos empresários e seu lucro.
Onde estão os direitos da juventude?
Há dois anos foi engavetado o projeto de lei que concedia meio passe livre estudantil aos jovens universitários da cidade. Apesar de defendermos o passe livre por inteiro e a extensão dele aos estudantes de escola pública nos fins de semana, como garantida do nosso acesso à cultura, nem mesmo o meio projeto avançou, ficou pelo caminho. Nossa juventude, já precarizada pela crise que assola o país, não pode continuar refém das politicagens locais.
Com isso, não deixamos de defender o direito dos trabalhadores explorados, sejam eles motoristas de ônibus ou de vans, pois são reféns da mesma lógica do lucro que interessam aos patrões, o principal motivo dessa disputa. Os ventos de junho que atravessaram a Baía de Guanabara em 2013 não morreram, ainda é necessário que nossa juventude e nossa população se organize para fazer valer o que é nosso por direito.
Queremos passe livre geral e irrestrito, tarifa zero, fim do micro-ônibus e transporte de massas em São Gonçalo, vamos por mais!

Texto escrito por Fernando Barcellos e Pedro "Heman" integrantes do movimento Juntos! São Gonçalo.

segunda-feira, 13 de julho de 2015

O racismo e a hipocrisia

              É impressionante que no ano de 2015, o talento de uma negra pode incomodar tanta gente que tem a (in)decência de se expor sobre isso, a jornalista Maria Júlia Coutinho, meteorologista do Jornal Nacional sofreu vários ataques no Facebook sobre a sua raça. O preconceito vai da cor da pele até o formato do cabelo, basta fugir do "padrão" imposto pela mídia e pela sociedade, alguns até quenstionaram que isso era um golpe de marketing, que a Glória Maria nunca sofreu preconceito, o que foi desmentido pela jornalista que contou que sofre preconceito desde os anos 70, na sua primeira apresentação na globo. É inexplicável como esse racismo está vinculado a uma negra que é funcionária da maior e mais influente mídia do Brasil, a TV Globo.

Maria Júlia Coutinho, jornalista de meteorologia do Jornal Nacional, foi alvo de racistas nas redes sociais
              Inexplicável por que? Você deve estar se perguntando. Como disse no começo da matéria, um dos maiores responsáveis em impor e determinar dogmas, paradigmas e padrões de beleza na sociedade é a mídia, e a globo mesmo com seu império titânico não foi capaz de prever e evitar que sua jornalista sofresse preconceito nas redes sociais, tudo isso por que grande parte da responsabilidade é sua, em fantasiar ao longo dos anos ser uma empresa sem preconceitos e que abre espaço para os negros na sua emissora, mas em um país onde 52% da população é negra, o contraste com a quantidade de negros na globo é no mínimo duvidoso.

              E não para por aí, em 2006 um dos principais nome nas organizações globo, Ali Kamel, um dos cabeças da TV Globo lançou um livro chamado "Não somos racistas", trazendo dados e argumentos tentando nos ensinar que o racismo não existe no Brasil, como se o que fizesse o povo negro sofrer hoje fossem apenas pequenos vestígios deixados pela escravidão. O que soou meio incoerente pois menos de 10 anos depois os jornalistas e artistas da globo, entre eles William Bonner e Patrícia Poeta, colegas da Maria Júlio Coutinho no Jornal Nacional, estariam participando da campanha #SomosTodosMajú como uma luta contra o racismo. (irreal segundo Ali Kamel)

              É justo que a globo e seus funcionários tenham o direito de se expressar e falar sobre o racismo, mas essa não é uma causa da TV Globo, pois eles sabem que a única maneira da mídia ser preenchida por negros e negras de forma coerente a população é com a democratização da mídia, seguem alguns dados levantados pela revista Exame que refutam a opinião de Ali Kamel:


-Taxa de analfabetismo é duas vezes maior entre os negros

Em 2013, a população branca tinha 8,8 anos de estudo em média, já a negra, 7,2 anos. A diferença, no entanto, já foi maior. Em 1997, os brancos chegavam a estudar por 6,7 anos em média e os negros paravam nos 4,5 anos – isso seria o equivalente ao primeiro ciclo do ensino fundamental.


Mesmo assim, a taxa de analfabetismo entre os negros (11,5) é mais de duas vezes maior que entre os brancos (5,2).


- Renda dos negros é 40% menor que a dos brancos

Rendimentos médios reais recebidos no mês

Raça/CorRenda média
BrancosR$ 1.607,76
NegrosR$ 921,18
BrasilR$ 1.222,90


Joaquim Barbosa foi o primeiro presidente negro do STF

Antes de Joaquim Barbosa, o Supremo Tribunal Federal teve apenas outros dois ministros negros. O último deles, Hermenegildo de Barro, saiu do cargo em 1931. Ou seja, a corte ficou 72 anos sem nenhum representante afrodescendente. Em 2012, Barbosa se tornou o primeiro presidente negro da mais alta corte do país. 

                E como o preconceito vai além do espaço que a sociedade permite ao negro, mas também a qualidade e perspectiva de vida, temos também um dado importantíssimo sobre o assunto: segundo a Anistia Internacional em 2012, 56.000 pessoas foram assassinadas no Brasil. Destas, 30.000 são jovens entre 15 a 29 anos e, desse total, 77% são negros. A maioria dos homicídios é praticado por armas de fogo, e menos de 8% dos casos chegam a ser julgados.

                A realidade do Negro no Brasil não é fácil, batemos no peito que somos o país da diversidade, mas até onde essa diversidade é respeitada e até onde ela é tolerada? "Se não fôssemos racistas, Roberto Marinho não passaria pó de arroz para embranquecer a pele morena, conforme conta Pedro Bial na biografia que escreveu sobre o dono da Globo." 


Lucas D.
#SomosTodosÁfrica


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O discurso do Bolsonaro sobre as minorias baseado no ódio.


Essa semana notei muita gente(Inclusive minha mãe!) compartilhando o vídeo do Bolsonaro no qual ele fala sobre as minorias. A uns 3 anos atrás, quando comecei a me interessar por política e não tinha um senso crítico apurado, confesso que simpatizava com o Bolsonaro e talvez seria mais um a compartilhar esse vídeo. Em tempos em que somos refém da violência realmente falas como a dele são normais, mas a pergunta que deve ser feita é: Será que as propostas defendidas por ele vão ao encontro de uma sociedade melhor e mais justa ou são baseadas apenas no ódio?  Parei para analisar cada proposta defendida por ele e compartilho com vocês alguns dados referentes a essas.

Bolsonaro primeiro defende a pena de morte, sabemos que ocorrem erros judiciais e na investigação e a pena de morte é irreversível , já ocorreram casos nos EUA em que a pessoa foi condenada a morte e depois de morta foi provada sua inocência.  Será mesmo que a pena de morte ajuda a diminuir os índices de criminalidade? A resposta é não, exemplo: nos 36 estados americanos que adotam a pena, o índice de assassinatos por 100 mil habitantes é maior que o registrado nos outros 14 estados que não condenam à morte. Na França, especialistas em segurança pública garantem que a violência não explodiu depois que a guilhotina foi aposentada, em 1977. No Irã, o exemplo é inverso: a pena de morte foi reintroduzida em 1979, com a revolução islâmica, mas não significou nenhuma redução das taxas de criminalidade. Tais números mostram que a pena de morte é mais um argumento baseado apenas no ódio, e não vai de encontro na busca por uma sociedade melhor.                                                      

Após Bolsonaro defende a redução da maioridade penal, você acha mesmo que a solução para a criminalidade do Brasil é misturar garotos de 15,16 anos e prende-los na mesma cela que os grandes chefes dos tráficos? Você acha que agindo assim existe alguma chance de recuperar essas pessoas? Não sou contra que o adolescente seja punido, existem leis que punem o adolescente infrator também, o adolescente pode ficar até 9 anos em medidas socioeducativas, sendo três anos interno, três em semiliberdade e três em liberdade assistida, a lei existe resta ser cumprida. Além do mais as prisões brasileiras não suportam mais pessoas e Dados do Unicef revelam que a experiência foi mal sucedida nos EUA. O país aplicou em seus adolescentes, penas previstas para os adultos. Os jovens que cumpriram pena em penitenciárias voltaram a delinquir e de forma mais violenta. O resultado concreto para a sociedade foi o agravamento da violência.

Bolsonaro crítica o MST falando que o mesmo invade propriedades de quem trabalha e leva terror ao campo. Na verdade o MST luta por uma reforma agrária no Brasil, num pais em que cerca de 3% do total das propriedades rurais do país são latifúndios, ou seja, tem mais de mil hectares e ocupam 56,7% das terras agriculturáveis – de acordo com o Atlas Fundiário do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Em outras palavras, a área ocupada pelos estados de São Paulo e Paraná juntos está nas mãos dos 300 maiores proprietários rurais, enquanto 4,8 milhões de famílias estão à espera de chão para plantar. Lutar por uma reforma agrária sim, é um meio de buscar uma sociedade melhor e mais justa!

Em seguida ele fala que os direitos humanos são para humanos direitos, mas como assim? O Nome já diz DIREITOS HUMANOS, é o direito que qualquer ser humano tem.
Bolsonaro defende que não deva existir leis especificas para casos de homofobia,  nosso pais é o campeão mundial em crimes homofóbicos. O risco de um homossexual ser assassinado no Brasil é 785% maior que nos Estados Unidos,  o Brasil concentra 44% do total de mortes a LGBT’S  de todo o planeta. Mediante esses números é mais que necessário que o governo busque ações especificas para evitar esses tipos de crimes e de evitar o preconceito. Afinal leis que buscam defender os direitos dos  LGBT’S  prejudicariam a quem? Apenas os preconceituosos. Não é questão de  ter privilegio ou super poder é questão apenas dos números de crimes contra eles no Brasil serem altíssimos. Além do mais o deputado diz que não devemos respeitar os homossexuais, eles que tem que nos respeitar. Alguém já foi desrespeitado por ser hétero?

Por ultimo ele fala que os presídios brasileiros estão uma maravilha, o que mostra que o mesmo não tem nenhum conhecimento sobre nada que fala, apenas discursa baseado no ódio. Enquanto a nossa população cresce 30% a nossa população carcerária tem o aumento de 511%, daqui a uns anos todos estaremos presos rs. No Brasil sete a cada vez presidiários voltam ao crime, ou seja, 70% dos presos que são soltos depois voltam ao crime, infelizmente nossas prisões não são projetadas para reeducar os presos, a maioria sai da prisão pior do que entrou. Prisões que cabem 600 pessoas com 1800 presos, presos vivendo em condições desumanas. A punição não adianta de nada se a pessoa volta ao delito novamente, como cidadãos em busca de uma sociedade melhor, devemos lutar por prisões que busquem reeducar essas pessoas, afinal queremos construir uma sociedade melhor ou piorar o que já tá ruim?


Parem para refletir, qual sociedade queremos? As coisas que defendemos irá realmente de encontro a uma sociedade melhor, ou é apenas uma opinião nossa baseada no ódio que sentimos?